Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes

Museu Roustaing

A verdade, para triunfar e ser aceita, tem primeiro que se chocar com as contradições dos homens. —Roustaing

10. ROUSTAING E A
ORGANIZAÇÃO E PUBLICAÇÃO
DE "OS QUATRO EVANGELHOS"

A missão de Roustaing diante da obra Les quatre Évangiles não é só a de compilador, ao contrário do que comumente se imagina. Roustaing foi mais que isto. Podemos chamá-lo de organizador. E isto porque ele não só ordenou os ditados, que, aliás, não foram recebidos na sequência comumente conhecida das escrituras sacras, mas pôde participar, com perguntas elucidativas, que muito facilitaram o esclarecimento e o aprofundamento das revelações espirituais. Além disso, cabia a ele uma Introdução que apresentaria todo o trabalho, fora as correções e os acordos com a gráfica e os livreiros, de Bordeaux e Paris.

O trabalho era grande e demandava dedicação e cuidado todo especial. Os Espíritos reveladores, em dezembro de 1861, já haviam recomendado, tanto a ele como à Sra. Collignon: “Ponde-vos mãos à obra; trabalhai com zelo e perseverança, coragem, atividade e não esqueçais nunca que sois instrumentos” (QE, I, 65).

No mês de maio de 1865, reunidos todos os ditados, tanto sobre os Evangelhos, como sobre os Mandamentos, Roustaing recebe pela mesma médium Sra. Collignon uma mensagem com a orientação para a publicação da obra: “trabalha com a maior presteza possível, mas sem ultrapassar os limites de tuas forças, de tal sorte que a publicação esteja concluída em agosto de 1866. Coragem, bons trabalhadores. O Mestre saberá levar em conta a vossa boa-vontade”. - Moisés, Mateus, Marcos, Lucas, João, Assistidos pelos apóstolos.

J. B. Roustaing colocou mãos à obra, e cheio de presteza adiantou o trabalho o máximo possível. Recolheu os ditados, priorizou a ordem dos textos dos Evangelhos, corrigiu o que era preciso, respeitando plenamente o conteúdo da revelação espiritual. Em alguns meses o manuscrito estava pronto para ser entregue ao impressor.

Homem respeitado entre os grandes da Gironde, para ele não foi difícil acertar a impressão da obra na famosa tipografia: Imprimerie Lavertujon, uma das mais importantes da França em sua época. Só alguém muito influente e bem relacionado no meio cultural e político teria a honra de ver uma obra sua publicada por tão destacada empresa. O local de lançamento e de venda de Os quatro Evangelhos fez também juz à excelcitude da obra: a Librairie Centrale, 24, Boulevard des Italiens, em Paris. O fino da Belle époque.

Os dois primeiros volumes, com os comentários sobre os evangelhos sinópticos, de Mateus, Marcos e Lucas, vieram a público em 5 de abril de 1866. O terceiro e último volume, com anotações sobre o Evangelho de João, foi lançado a 5 de maio do mesmo ano.

Allan Kardec saúda o lançamento da magnífica obra compilada por J. B. Roustaing, fazendo o seu anúncio na Revista Espírita, em junho de 1866, com seu importante comentário: “É um trabalho considerável e que tem, para os Espíritas, o mérito de não estar, em nenhum ponto, em contradição com a doutrina ensinada em O Livro dos espíritos e em OLivro dos médiuns. As partes correspondentes às que tratamos em O Evangelho segundo o Espiritismo o são em sentido análogo. [...] será consultada pelos Espíritas sérios”.

Veja também:

DESENCARNAÇÃO E LEGADO ESPIRITUAL DE ROUSTAING

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