Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes

Museu Roustaing

A verdade, para triunfar e ser aceita, tem primeiro que se chocar com as contradições dos homens. — Roustaing

9. ROUSTAING, O APÓSTOLO DA FÉ

Ninguém é grande de um salto. As responsabilidades espirituais são dadas num crescendo. Não se dá o mais, se não se souber administrar o menos. É matemática inviolável. E Jesus confirma na Parábola das dez minas: “Muito bem, servo bom; porque foste fiel no pouco terás autoridade sobre dez cidades” (Lc. 19: 17).

Roustaing recebeu muito e não se descuidou de administrar com fidelidade os talentos materiais que a vida lhe confiou, para multiplicá-los em benefício de muitos. Seja na cidade ou na fazenda, realizava uma intensa atividade de imensos benefícios sociais. Era mesmo conhecido pela sua generosidade no esmolar, mesmo antes de tornar-se espírita. Jean Guérin, talvez o seu mais próximo discípulo, escreve sobre seus gestos caritativos na Revue Spirite: “Sempre deu generosamente do que tinha aos que não tinham” (Revue Spirite, 1879, março, pp. 116). E o próprio Roustaing dizia com frequência: “Para o outro mundo não se leva senão o que se deu; e aquele que dá é quem tem que agradecer” (Revue Spirite, 1879, março, p. 116)

J. B. Roustaing soube também abraçar a caridade espiritual com amor cristão. Sabia ele ser dever do espírita não se esquecer dos Espíritos desencarnados e sofredores. Por isso promovia, todas as noites, às 19 horas, em sua residência, reuniões de prece e esclarecimento aos Espíritos sofredores.

Numa outra frente de atuação espírita, exercia seu apostolado divulgando a Doutrina dos espíritos no célebre Grupo Roustaing, um dos mais destacados de toda a França, conforme a descrição de Alexandre Delanne, pai de Gabriel Delanne: “Pela primeira vez, em 1860, eu visitava os grupos espíritas dessa cidade [Bordeaux]; nela já havia um número bastante grande. Os mais frequentados eram os da Sra. Collignon, da Srta. O’kine, dos Srs. Roustaing, Krell, Alexandre, etc. (Le spiritisme – organe de l´union spirite française (Gerente: Gabriel Delanne), no. 23, 1ª quinzena de fevereiro de 1884, p. 6. Redação e administração: Passage Choiseul, 39 & 41, Paris).

A consolidação do Grupo Roustaing garantiu à população de Bordeaux e das cidades vizinhas, a partir de 1864, reuniões mensais e às vezes semanais concorridíssimas, onde os Evangelhos eram comentados à luz dos ensinamentos espíritas. As reuniões aconteciam no primeiro domingo de cada mês. Foi assim que, no dia 4 de setembro de 1864, o Sr. Armand Lefraise, uma das lideranças do movimento espírita da Gironde, esteve assistindo às atividades deste Grupo e, impressionado, num misto de alegria e esperança no futuro desta bela Doutrina, escreveu um artigo sobre a famosa domingueira, e o estampou no seu Le sauveur, na seção Variétés (1º ano, no 33, domingo, 11 de setembro de 1864, p. 4):

“A cada dia de reunião, vê-se chegar a Tribus, de todas as regiões vizinhas, pessoas que, sentindo-se melhoradas, renovadas pela nova revelação posta à capacidade de sua inteligência, vêm dos arredores e de vários lugares ao redor agrupar-se em torno daquele cuja palavra eloquente e convicta lhes explica de maneira clara e penetrante a realidade da existência de Deus, da imortalidade da alma e de sua individualidade após a morte, pelas relações do mundo invisível dos Espíritos com o nosso. Em geral, essas reuniões são compostas de pessoas que habitam o campo, honestos agricultores ou artesãos, entre os quais se encontra um grande número de médiuns, todos surpresos por obter comunicações que os sábios ou os distintos literatos não renegariam [...] no último domingo, os vastos salões da casa do Tribus eram muito pequenos para conter a multidão [...]”.

As atividades de seu Grupo deram fama a Roustaing em toda a vasta região de Entre-deux-Mers. A Revue Spirite, através de um aviso assinado pelo Comitê de leitura deste periódico, descreve seu apostolado espírita com estas significativas palavras: “Na Gironde, em Langoiran, La Sauve, Créon, Naujean, Brasne, Frontenac, Arbis, Ladaux, Letourne, Langon, Targon, Blézignac, Fougères, Latrème, Mazères, Villenave-de-Rions, Capian, etc., etc., há mais espíritas que oficialmente se poderia reunir em Paris, todos partidários de Allan Kardec, e que J.-B. Roustaing iniciou em nossas crenças; eles consideram Allan Kardec e J.-B. Roustaing dois mestres venerados” (Revue spirite, 26º ano, 1883, agosto, p. 363).

Essas palavras foram escritas pelo Sr. P.-G. Leymarie, quando de sua visita missionária, em 1883, àquela região. Logo, ele observou in loco e, por isso, suas palavras são de fé: “Em todas as comarcas de Entre-deux-Mers, a lembrança de J.-B. Roustaing permanece bem viva; os adeptos do espiritismo e aqueles que se interessam por nossa filosofia aí se contam aos milhares; todos se recordam das reuniões em Arbis, nas quais, todo domingo, o antigo bastonário da ordem dos advogados de Bordeaux discorria sobre o espiritismo; seja em seu salão, seja diante da relva vizinha ao seu château, e sobre a qual ficavam seus numerosos ouvintes; o terreno foi bem semeado” (Revue spirite, 26º ano, no 7, 1883, julho, p. 299)

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Veja também:

ROUSTAING: ORGANIZAÇÃO E PUBLICAÇÃO DE OS QUATRO EVANGELHOS

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