Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes

Concordância Universal

A Verdade, para triunfar e ser aceita, tem primeiro que se chocar com as contradições dos homens. — J.B.Roustaing

KARDEC E ROUSTAING,
CONCORDÂNCIA UNIVERSAL

Texto adaptado do livro "Pão Vivo", ed. CRBBM. Download gratuito.

Para saber mais sobre Roustaing e sua obra, visite o nosso Museu Roustaing.

“Até nova ordem não daremos às suas teorias nem aprovação, nem desaprovação, deixando ao tempo o cuidado de as sancionar ou as contraditar. Convém, pois, considerar essas explicações como opiniões pessoais dos Espíritos que as formularam, opiniões que podem ser justas ou falsas, e que, em todo o caso, necessitam da sanção do controle universal, e, até mais ampla confirmação, não poderiam ser consideradas como partes integrantes da Doutrina Espírita”. (Allan Kardec, sobre a obra “Os Quatro Evangelhos” de Roustaing - RE, Junho de 1866, pág.258 da Ed. FEB)

Há algumas “lendas urbanas” que curiosamente se propagam na sociedade e adquirem às vezes o status de “verdades estabelecidas” sem que ninguém saiba exatamente como surgiram ou o porquê de sua existência.

O fenômeno é universal, não respeita fronteiras e independe de idioma, cultura, gênero ou religião. Simplesmente acontece.

Fulano disse, Beltrano acreditou, Sicrano “compartilhou” e... pronto!, muitos outros deram fé sem parar para refletir, apurar e avaliar se realmente procede ou não o que foi dito, acreditado e compartilhado. A propagação de boatos e fofocas e a promoção das pseudocelebridades talvez sejam os melhores exemplos dessas ocorrências, e elas podem ocorrer tanto para o bem, quanto para o mal. Por esse meio “fabrica-se” heróis, mas também destroi-se reputações, muitas vezes de pessoas e instituições sérias, com muita rapidez.

Aliás, nesse sentido, as advertências do apóstolo Tiago, em sua epístola, a propósito dos perigos da “língua” nos parecem de uma atualidade impressionante... imaginem o que ele diria se ao seu tempo já houvesse a internet:

“Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus”.(Tiago 3:8-9)

Em nosso meio, no movimento espírita, temos também as nossas “lendas urbanas”.

Uma delas é a de que a obra de Jean-Baptiste Roustaing e Émilie Collignon, “Os Quatro Evangelhos”, e em especial a revelação do Corpo Fluídico de Jesus não teriam recebido a sansão do “Controle Universal(1), e que portanto não seriam parte integrante da Doutrina Espírita, conforme o proposto por Kardec no texto reproduzido na epígrafe acima.

A trajetória dessa história é em tudo impressionante e muito instrutiva para aqueles que se interessam em observar como as ideias “correm” e adquirem “vida própria”... Da reserva inicial do Codificador sobre o assunto, e da sua posterior manifestação aparentemente contrária à ideia do Corpo Fluídico, em “A Gênese”, avançou-se aos poucos para a condenação, mais tarde para a segregação da obra e, finalmente, até para a difamação livre e aberta de seus autores humanos e mesmo daqueles que ousassem defendê-los...

A “boa notícia” nestes casos é que, como a base é frágil, eles também caem por si mesmos ao primeiro vento, como um castelo de cartas. “Palavras o vento leva”, diz o ditado popular, e o que se aprende, ao final desses episódios, é que a Verdade sabe se impor por si mesma quando o seu tempo é chegado, sem depender para isso dos favores humanos...

A pergunta que fazemos nessas oportunidades é sempre a mesma, talvez como fruto da nossa formação em jornalismo: Alguém já apurou? Já se parou para verificar, de fato, se há ou não citações de diferentes e relevantes médiuns, de épocas e lugares distintos, sobre o corpo fluídico, por exemplo? Na dúvida, procuramos deixar de lado as opiniões dos homens, muitas vezes controversas, para nos concentrar na pesquisa.

Não demorou muito para descobrirmos que elas existem.

O fato – independentemente do que se diga ou da opinião de quem quer que seja – é que há farta literatura mediúnica em favor da obra “Os Quatro Evangelhos”, e inclusive sobre o corpo fluídico. São mensagens e obras variadas, em bom número e de excelente qualidade, moral e doutrinária. De bons médiuns. De Espíritos relevantes.

Por que não são, então, conhecidas? Não sabemos dizer.

Algumas encontramos em prateleiras empoeiradas, em obras que pelo seu valor não mereciam olvido. Outras estão em textos de fácil acesso, mas parece que foram simplesmente ignoradas, talvez porque ao deparar-se com elas, em numerosos volumes, não estivéssemos com a atenção voltada ao tema. Ou ainda - quem poderá saber? - fosse necessário mesmo que o tempo apenas passasse, para que nós todos crescêssemos espiritualmente, e amadurecêssemos o suficiente para ter “olhos de ver”.

O mais curioso, nesse caso, é justamente a circunstância de não trazermos novidade... O que se propõe, aqui, é uma leitura mais cuidadosa, mais atenta. Vamos iluminar pedras preciosas e translúcidas em meio a uma sala escura, para observar vagarosamente os raios de luz atravessando a sua transparência, admirando passo a passo os seus variados matizes de cor...

Não temos pressa, mas calma. A Verdade fala por si mesma, em muitos casos, mas é preciso um estado de espírito de certa quietude para poder ouvi-la, clara, em nossos próprios corações...

Para facilitar o acesso a essas citações, nós as reunimos, as principais. Elas podem ser vistas no capítulo homônimo a esse artigo – CONCORDÂNCIA UNIVERSAL – constante no volume PÃO VIVO, publicado pela nossa Casa – download gratuito neste link (Pão Vivo) ou acessando o nosso blog, DE VOLTA AO CRISTIANISMO DO CRISTO, publicado em 2013, mas que traz aproximadamente 50 destas “pérolas” maravilhosas, mas esquecidas, de nossa literatura espírita.

Àqueles que têm interesse sobre o tema, uma boa leitura!

Muita paz.

(1)“Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares”. – Introd. de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, item II.