UTILIDADE DA REENCARNAÇÃO
Após o périplo carnal, feliz ou desventurado, quando sucede a desencarnação, o Espírito quase sempre retoma a consciência dos seus atos e mede, quando se encontra lúcido, os resultados do nobre cometimento.
Detectando as realizações nobilitantes, anela pelo retorno à indumentária carnal, a fim de dar prosseguimento aos labores edificantes que deixou na Terra e lhes constituem filhos do coração.
Compreendendo o alto significado do trabalho e os benefícios que dele defluem, ora agradecendo a Deus a bênção da oportunidade vivida, roga nova ocasião para, retornando, ampliar os horizontes das realizações, alcançando mais ampla faixa de necessitados, aos quais beneficiaria.
A sua felicidade é tão significativa que, mesmo fruindo as alegrias que resultam dos serviços retamente cumpridos, experimenta dúlcida melancolia como a afeição pela obra, tendo permissão de prosseguir auxiliando até quando lhe seja concedido o novo mergulho nas sombras do Planeta...
Todos aqueles que se transformaram em benfeitores da Humanidade, hajam sido aureolados pela fama ou desconhecidos, sempre retornam aos mesmos campos de ação, de modo a darem curso ao ministério dignificante.
Por outro lado, aqueloutros que se acumpliciaram com o erro, que se facultaram as ilusões, entregando-se à dissolução moral ou às vinculações com o mal, constatando a dimensão do desar, suplicam novo renascimento que lhes permita reparar, corrigir e se recuperar perante a própria e a Consciência Cósmica.
Quanto maiores forem os gravames, mais vigorosas as rogativas e mais ardentes desejos de reabilitação, porque a consciência ultrajada exige mudança de comportamento e adoção de valores mais elevados.
Como não dispõem de mérito, face à insensatez a que se entregaram, rogam aos Guias espirituais que intercedam por eles, que os apadrinhem na conjuntura, conseguindo a concessão especial de que muito necessitam.Porque se sentem encorajados e a visão difere daquela mantida quando no combate sensorial, propõem as provações que gostariam de experienciar, a fim de poderem beneficiar-se do processo depurador, os testemunhos que comprovem a mudança moral, as expiações mais afligentes e santificadoras...
Pode parecer estranho que sejam solicitados encarceramentos em corpos cerceados de normalidade, experimentando a demência ou as mutilações, as deficiências dos órgãos ou a incapacidade para repetir os desmandos infelizes.
Sentindo-se sem as resistências morais para suportar os arrastamentos do mal a que se afeiçoaram, retornam, então, ferreteados pela cegueira ou mudez, pela imbecilidade ou degenerescência cerebral, inspirando asco ou mal-estar, compaixão ou misericórdia que não tiveram para com o seu próximo anteriormente...
Cada prova, cada expiação, de acordo com os delitos e os danos a que deram lugar, porque o agente não é responsável apenas pelo mal que pratica, mas também pelos efeitos infelizes deles decorrentes. Tudo ocorre de acordo com as Soberanas Leis do Amor.
*
Rogaste, antes do berço, a bênção da reencarnação no lar que ora te acolhe, com a família de que necessitas, aquela que não soubeste preservar, quando estiveste em seu seio e criaste os embaraços que hoje retornam, exigindo-te reparação.
Aqueles que te hostilizam são os mesmos afetos que entenebreceste anteriormente e suplicaste a oportunidade de recuperação, voltando a conviver com eles, armados contra ti, assinalados pelas lembranças inconscientes dos males que The impuseste durante o teu desvario anterior.
As enfermidades impertinentes, aquelas de diagnose difícil e de recuperação improvável pertencem à relação que anotaste para a tua redenção e encaminhaste aos anjos tutelares da tua atual existência.
Os limites e desafios que te afligem fazem parte das disposições evolutivas que estabeleceste, porque reconheceste que eram os melhores mestres de que necessitavas para poder te recuperar.
A carência afetiva, a solidão, o abandono a que te sentes relegado, são as terapêuticas hábeis para a valorização da solidariedade que destruíste, a afetividade que maculaste com a traição, com o desrespeito ao ser amigo que se te entregou em confiança e fidelidade.
Os conflitos íntimos, a culpa e os complexos perturbadores que te assinalam, resultam das análises a que te dedicaste no Além, de forma que possas reencontrar o equilíbrio no silêncio, no esforço íntimo que te facultará pelo amor e pela resignação a autoiluminação.
Mesmo que te pareçam demasiadamente severos os processos de purificação, superando o mal para que haja lugar para o surgimento do bem-estar em teu íntimo, mantém o bom ânimo, porque os Espíritos que se te fizeram avalistas da nova experiência, atendendo-te aos veementes apelos, velam por ti, ajudam-te, e durante os desdobramentos parciais pelo sono, alentam-te, reconfortam-te e te revigoram, atenuando a aspereza do programa de reeducação a que te encontras submetido.
O passado sempre ressurge no presente que organiza as paisagens do futuro.
Seja qual for a situação, pois, em que te encontres, considera a rapidez com que transcorre o tempo físico e pensa em termos de imortalidade.
Ontem, certamente, foi mais sombrio do que hoje e o ultrapassaste, encontrando-te agora a vislumbrar as belas claridades do amanhã.
Aproveita, quanto te esteja ao alcance, a bênção que fruis, mesmo que seja conhecida como sofrimento, e avança confiante estrada fora...
Ninguém que se encontre em desvalimento, ao abandono, e nada que aconteça sem um fim útil.
A jornada é necessária nessas condições, porque somente elas te facultarão entender o objetivo das reencarnações e os deveres que tens em relação à Vida, assim como a ti mesmo e ao teu próximo.
És feliz porque conseguiste o ensejo de retornar, agora iluminado pelo conhecimento espiritual que te amplia os horizontes do entendimento para que te apercebas da beleza da Vida em toda parte, na qual te encontras colocado.
Não reclames, nem te permitas a tristeza que deprime e proporciona reflexões angustiantes. Sorri, e espera um pouco mais.
*
A reencarnação é o método sublime de evolução com que a Divindade honra os Seus filhos, arrancando-os da ignorância para conduzi-los ao rumo da sabedoria. Quando adquire a se consciência acerca da reencarnação e da sua utilidade, a dor diminui de intensidade, as aflições tornam-se diluídas e uma especial resignação toma conta do ser facultando-lhe especial e peculiar alegria de viver.
Bendize, desse modo, as tuas provações e te rejubila por te encontrar em processo de libertação, fruindo de paz.
(Fonte: Liberta-te do Mal – Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)
BEM E MAL SOFRER
Quando o Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, o Reino dos Céus lhes pertence”, não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao Reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações.
O militar que não é mandado para as linhas de fogo fica descontente, porque o repouso no campo nenhuma ascensão de posto lhe faculta. Sede, pois, como o militar e não desejeis um repouso em que o vosso corpo se enervaria e se entorpeceria a vossa alma. Alegrai-vos quando Deus vos enviar para a luta. Não consiste esta no fogo da batalha, mas nos amargores da vida, em que, às vezes, de mais coragem se há mister do que num combate sangrento, porquanto não é raro que aquele que se mantém firme em presença do inimigo fraqueje nas tenazes de uma pena moral. Nenhuma recompensa obtém o homem por essa espécie de coragem; mas Deus lhe reserva palmas de vitória e uma situação gloriosa. Quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: “Fui o mais forte.”
Bem-aventurados os aflitos pode então traduzir-se assim: Bem-aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a alegria que lhes falta na Terra, porque depois do labor virá o repouso. – Lacordaire. (Havre, 1863.)
OS EVANGELHOS EXPLICADOS:APRESENTAÇÃO DE JESUS NO TEMPLO, ENTRE OS DOUTORES
(Lucas, 2: 41 a 52)
Roustaing: Como pôde Jesus parecer aos homens um menino recém-nascido e desenvolver-se, crescer, qual criança terrena, e sucessivamente percorrer, na aparência, as fases do desenvolvimento da infância, da adolescência e da idade viril em a nossa humanidade?
1. Esta é uma questão que podíeis resolver, sem a formulardes.
2. O perispírito que servia de invólucro a Jesus se desenvolvia aos olhos dos homens, de maneira a lhes dar a ilusão do crescimento humano. Não se vos disse já que o perispírito não é da mesma natureza do vosso corpo? (1)
3. Qual impossibilidade vedes em que, aos olhos dos homens, o perispírito revista aparentemente as mesmas propriedades que tem o vosso corpo e em que os fluidos que o compõem sejam igualmente adstritos a se desenvolverem e aumentarem?
4. Para vos darmos explicação a este respeito, teríamos que entrar em minúcias acerca da natureza dos fluidos e isso ainda não é possível.
5. Mas, porque haveis de achar impossível que os fluidos, reunidos sob a ação da vontade de Jesus, tenham seguido marcha progressiva de aparente dilatação, aos olhos humanos?
6. Um Espírito, ainda que inferior, um Espírito da ordem dos vossos pode, não o ignorais, com o seu perispírito, que constitui sua vida, sua individualidade, afetar, revestir, a qualquer instante, todas as aparências, todas as formas, mesmo tangíveis, sob a única condição de lhe ser dado tomar de empréstimo os fluidos animalizados, necessários à produção do desejado efeito. Um Espírito superior, que tem o poder de assimilar os fluidos animalizados ambientes, espalhados na atmosfera, não precisa de semelhante empréstimo. Como pretenderíeis que um Espírito superior, descendo das regiões mais elevadas ao vosso meio, mediante a assimilação do seu perispírito às regiões que tenha de percorrer, não possa, à vontade, figurar as fases do desenvolvimento de um ser humano, pela assimilação dos fluidos ambientes que servem a formação dos vossos seres e pela dilatação aparente dos fluidos do seu perispírito, assim adaptado e tornado tangível?
7. A vontade poderosa de Jesus, Espírito perfeito, Espírito puro por excelência, reunira em torno de si os materiais necessários à execução da obra e nas condições precisas a que a obra se executasse.
8. Já explicamos que Ele constituíra um perispírito apto a longa tangibilidade, humanizado com o auxílio dos fluidos ambientes que servem à formação dos seres terrenos, e que, à sua vontade, abandonava e retomava. Com esse perispírito, possível lhe era revestir, aos olhos dos homens, quando lhe aprouvesse, as aparências da infância, da adolescência e da idade viril na humanidade terrestre e figurar a marcha progressiva, as fases do desenvolvimento de uma criatura humana.
9. Dissemos e repetimos: Jesus crescia aos olhos dos homens, mas, aos olhos de Deus, era sempre o mesmo, isto é, Espírito, Espírito devotado, desempenhando a sua missão.
(1) Nota da Redação: A grande médium Ana Prado (1883-1923) obteve materializações que passavam da forma infantil à adulta a frente de todos, em poucos instantes.
(Fonte: "Os Quatro Evangelhos", org. de Jean Baptiste Roustaing, psicografia de Émilie Collignon, Ed. Ibbis, Brasília, 2022. Tomo I, Item 48, parágrafos 01 a 09. Imagem: Médium Ana Prado)
ESTUDOS FILOSÓFICOS: A maior e melhor série de artigos
da literatura espírita brasileira está de volta!
Artigo CDXIX - Gazeta de Notícias, 17-12-1895
O estudo que iniciamos em nosso passado artigo sobre o relatório dos médicos da polícia, no caso da morte de uma mulher em uma sessão espírita, não entende com a parte essencial daquele trabalho: ser ou não ser causa determinativa da morte a emoção produzida pelos fatos daquela sessão. Até aqui, repetiremos, os ilustres peritos estiveram em seu papel.
Nosso fim, repetiremos ainda, é combater as demasias daquele documento, na parte em que tão despropositadamente se ocupa do que é – e se é ou não verdade o Espiritismo.
Tão perfunctoriamente quanto o permitem os estreitos limites destes artigos, demonstramos a insubsistência da argumentação empregada no intuito de reduzir a nova ciência à simples função do Hipnotismo.
Apresentamos fatos, autorizados pelas experiências dos maiores vultos da ciência, que varrem do campo da luta as invectivas188 sugestionistas, único argumento de todo o articulado policial.
E, pois, ao juízo dos ilustres peritos opusemos, não juízos, mas observação e experiências, principalmente de Crookes e de Lombroso, que, no propósito de provarem a falsidade, foram coagidos a reconhecer e a confessar a verdade dos fenômenos espíritas.
O que mais será preciso para quebrarmos as armas dos dois novos adversários do Espiritismo?
Pela sugestão explicavam, pois, os distintos professores os fenômenos espíritas, tão bem como o botânico explicaria a reprodução das espécies vegetais, pela das monocotiledôneas, ou a dos animais, pela dos anelídeos.
Os ilustrados doutores esquecem que a espécie contém caracteres que não se encontram no gênero!
Permitam, pois, que lhes digamos: Hipnotismo, Sonambulismo e Magnetismo são espécies ou modos de manifestação dos fenômenos espíritas.
Comparem, sem preconceitos, os trabalhos de Mesmer, de Tengayer, de Braid, de Bernheim e do inolvidável Charcot, com os de Crookes, de Lombroso, de Gibier, de Wallace, de Zöllner e de muitos outros que afirmam a verdade do Espiritismo, e reconhecerão sensível analogia entre eles, a par de muitos pontos de distinção.
É porque as espécies variam, mas todas encerram os caracteres do gênero a que pertencem.
O gênero é o Espiritismo; o Hipnotismo, o Sonambulismo, o Magnetismo são espécies ou modos especiais de manifestação dos fenômenos espíritas.
A sugestão, pois, em vez de conter o Espiritismo – de explicar todos os seus fenômenos variabilíssimos, é um modo, uma espécie de manifestação dos fenômenos espíritas – e não explica senão uma mínima parte d’aqueles fenômenos.
Um dia, quando estivermos mais folgado, provaremos aos ilustres médicos da polícia que o inolvidável Charcot ia estudar o Hipnotismo por esta face quando foi colhido pela morte.
Disseram os dois peritos: que, para falarem de visu, foram a uma sessão espírita. É um modo de sugestionar o leitor.
Eles viram; logo, não falam de oitiva, sabem o que dizem.
Em primeiro lugar, ninguém ignorava que há muitos grupos onde o Espiritismo serve de bandeira que cobre carga de contrabando.
E, demais, uma sessão única para conhecer, a ponto de julgar, uma ciência ou uma simples doutrina; mas doutrina que é assunto obrigatório dos estudos de todos os sábios do mundo!
Que mais completa confissão poderiam fazer os ilustres professores da polícia da sua incompetência na matéria?!
Crookes estudou e experimentou por seis anos, para julgar-se apto a formar juízo sobre o Espiritismo.
Wallace gastou dez anos, para chegar àquele ponto.
Richet trabalha há muito tempo contra – e vê agora arrasado o seu castelo pelos trabalhos de Eusápia Palladino.
Lombroso despreza o Espiritismo e insulta os espíritas, até que em interadas experiências chega ao conhecimento de seu erro, que publicamente confessa.
Os novos adversários, aqui, nesta terra abençoada, assistem a uma sessão, meia hora de observação, e julgam-se aptos para darem o golpe de morte n’esta invenção dos espertos para iludirem os ignorantes!!
Acusam os ilustres doutores o Espiritismo de recorrer ao – sobrenatural – seguramente porque admite a comunicação dos Espíritos.
Têm razão, se a sua crença é infalível – se tudo no Universo é matéria – se, depois da morte, o homem deixa de ser; mas quem nos garante, de um modo irrecusável, a infalibilidade de sua crença?
Nós temos a crença oposta: há no homem corpo e alma – e a alma (Espírito) sobrevive eternamente ao corpo que morre e comunica com os que ainda estão ligados a um corpo.
Questão de opiniões, que não altera a verdade do que é independente delas.
Acaso a Terra era imóvel, porque como tal a julgaram os homens de outros tempos?
Em nosso caso, vós não provais que não existe o Espírito e, portanto, que não pode haver comunicação de Espíritos. Vossa afirmação firma-se, pois, unicamente na vossa opinião.
Nós afirmamos a existência do Espírito e provamo-lo experimentalmente, pelas suas manifestações. Nós somos o Galileu desta nova ordem de coisas.
Entre nós, que damos provas de nossa afirmação, e vós, que vos baseais em hipóteses científicas (como julgais), de que lado é presumível, pelo menos, que esteja a verdade?
Dizeis, é certo – vossas provas não prestam, são produtos da sugestão. Ainda puras alegações!
Se fossem produto da sugestão, os materialistas leais, que foram experimentar para provarem a falsidade dos fenômenos espíritas, não sugestionariam senão neste sentido. Como, então, foram obrigados a tirar de suas experiências as provas contrárias às suas ideias e aos seus intuitos – as provas da verdade dos fenômenos espíritas?!
Nossas provas não cabem, pois, no golpe das sugestões.
Em que vos baseais, então, para dizerdes: não prestam?
Nós estamos muito acima de vós, pelo menos, no terreno das probabilidades, porque oferecemos fatos que não podeis explicar, embora não os querais aceitar.
Deixai os preconceitos, libertai-vos da subjugação do espírito de sistema e apreciai o que vamos relatar-vos:
Uma senhora da nossa melhor sociedade tinha, estudando em São Paulo, um filho, de quem recebeu carta, dizendo-lhe que estava de perfeita saúde.
À noite, ouviu, estando ainda acordada, o som da queda de um castiçal de prata, colocado sobre uma mesinha.
Acordou o marido, que riscou um fósforo e acendeu a vela, a cuja claridade reconheceu que o castiçal estava em seu lugar.
Depois de longa discussão de ser e de não ser sonho o que ouvira a senhora, apagaram a vela e se acomodaram, marido e mulher; mas, logo após, ouviram ambos o som da queda do castiçal sobre o assoalho.
Agora sim, disse o marido, mas, acesa a vela, lá estava sobre a mesa o castiçal!
Surpreendidos, mas não tanto que se privassem de dormir por toda a noite, apagaram a vela novamente – e, então, a senhora sentiu uma mão que lhe afagava os cabelos – e reconheceu a mão do filho. Ergueu-se em pranto e não houve quem a desconvencesse de que o filho não morrera.
No dia seguinte ou no outro, chegou o vapor de Santos e com ele a confirmação da morte, em poucas horas, do futuroso moço.
Destes fatos contam-se centenas – e estes com os que se dão nas sessões espíritas, inexplicáveis por sugestão ou autossugestão, servem de fundamento à crença de serem as manifestações reguladas por lei natural: tanto mais que muitas vezes evocam-se determinados Espíritos e eles não acedem.
Podeis, pois, imaginar as hipóteses que quiserdes para explicar tais manifestações, independentes de Espíritos; mas não podeis dizer: que o Espiritismo explica os fenômenos que produz pelo sobrenatural – pois que a verdade é que ele repele o sobrenatural – e, bem ou mal, procura sempre descobrir uma lei natural para explicar tudo – tudo o que existe no círculo de suas observações.
A lei que regula a comunicação dos Espíritos é desconhecida do mundo, em geral, como foram todas as leis científicas: a da alteração universal, a do puro específico, a do movimento da Terra, e quantas e quantas; mas é lei que há de firmar-se, como aquelas, porque é tão verdadeira como elas e pode ser submetida ao cadinho da experiência.
Fiquemos aqui, e deixemos para o próximo artigo a cura das moléstias pelo Espiritismo, que é o noli me tangere200 da Medicina oficial, já hoje reduzida a aceitar a Homeopatia, que tanto a escandalizou.
Max.
(Da União Espírita)
Fonte: Confira o original deste artigo no arquivo da Hemeroteca da Biblioteca Nacional. Para conhecer os demais artigos dessa coleção e seus volumes publicados por nossa CASA visite por favor nossa Biblioteca Virtual.