Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes

Museu Roustaing

A verdade, para triunfar e ser aceita, tem primeiro que se chocar com as contradições dos homens. — Roustaing

3. ROUSTAING:
CARREIRA PROFISSIONAL
E CASAMENTO

Homem acima do seu e do nosso tempo, Roustaing tinha na honestidade a razão primeira de sua conduta. Era ela a sua grande virtude, que dava valor a tudo que conquistava, quer em prestígio, quer em fortuna. E ele soube adquirir, à força de um trabalho honesto, uma excelente condição de vida, “uma posição independente, adquirida mediante trinta anos de trabalho no gabinete e nos tribunais” (QE, I, 58). Esta virtude da honestidade era tal, que a Revue Spirite, fundada por Allan Kardec, a destaca num artigo sob a responsabilidade da Redação, que, na época, era exercida pelo inesquecível P.-G. Leymarie: “J.-B. Roustaing, homem muito liberal, muito honesto” (RS, 26º ano, julho, 1883, p. 314).

Estudioso dos fatos à exaustão, perseverante e intuitivo, sabia, porém, manter a humildade frente a limites extremos, que devem ser sempre respeitados, para se permanecer no terreno da ética. “Não parava a não ser diante de uma impossibilidade absoluta” – conta-nos Battar. E acrescenta: “Quantas noites passou mergulhado em suas meditações, pesquisando autores e compilações diversas para extrair o que poderia servir às suas defesas. E quando, no dia seguinte, chegava à tribuna, surpreendia seus adversários com a variedade de seus recursos. Quantas vezes ele, assim, com a inspiração feliz pela descoberta imprevista, recuperava causas aparentemente desesperadas”.

Após cerca de dezoito anos de militância na advocacia, Roustaing, em 13 de agosto de 1847, entra para o Conselho da Ordem dos Advogados de Bordeaux, permanecendo nesta função até 2 de agosto de 1855. Pouco depois é eleito Bastonário ou Presidente da Ordem, em 11 de agosto de 1848, para o ano jurídico 1848-1849. Roustaing ainda não havia completado 43 anos. Mais tarde, foi designado Secretário do Conselho, em 10 de agosto de 1852, para o ano jurídico 1852-1853. Assim, de 1847 a 1855, ao todo oito anos, colaborou administrativamente na Ordem, que tanto orgulho tinha em pertencer.

4. QUEM CASA QUER CASA...

Em 1850, Jean Baptiste, com quarenta e quatro anos, bem amadurecido nas lutas pela vida e profissionalmente estabilizado, vê chegar a hora de se unir a uma companheira. Ali, bem perto dele, na sua parentela, encontra, ou melhor, reencontra sua querida Elisabeth. Em 24 de agosto de 1850, à tarde, Roustaing, que então residia com seus pais na Rue Trois-Conils, 5, casa-se com Elisabeth Roustaing, sua prima, também com 44 anos, nascida em 13 de dezembro de 1805, em Ladaux, cantão de Targon, e residindo àquela época, em Bordeaux, na Rua D’Aquitaine, 63. Elisabeth era viúva do Sr. Raymond Lafourcade, e não deixou filhos deste primeiro casamento, bem como do segundo, com Roustaing. Imagina-se que fosse estéril, e que dada às limitações da medicina da época, não pôde solucionar tal restrição. Segundo o Sr. Battar, Elisabeth foi a “companheira de sua vida e de suas boas obras”.

Quem casa quer casa - assim diz a sabedoria popular ... com o nosso biografado não foi diferente. Logo, no ano de 1853, o novo casal encontra um confortável imóvel disponível para venda, num excelente ponto de Bordeaux, à Rue Saint Simeón, 17. Mais tarde, nesta residência, Roustaing irá realizar reuniões espíritas diárias. Será aí também o local de sua desencarnação.

Outro imóvel adquirido por Jean Baptiste e Elizabeth foi uma bela quinta, em 1855, que viria a se transformar num dos maiores epicentros na explosão do espiritismo na França. Depoimentos da época indicam que a propriedade situava-se próxima à Bordeaux, na região de Entre-deux-Mers, cantão de Targon, localidade de Arbis. Chamava-se “a quinta de Tribus”. Roustaing produzia, aí, em larga escala: trigo, vinho tinto e vinho branco.

Veja também:

ROUSTAING, DISCÍPULO DE ALLAN KARDEC

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