Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes

Museu Bezerra de Menezes

"De nada vale o brilho da inteligência, se o coração permanece às escuras". — Bezerra de Menezes

4. MEDICINA E MATRIMÔNIO

A 27 de abril de 1857, candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento". O acadêmico José Pereira Rego leu o parecer na sessão de 11 de maio, tendo a eleição transcorrido na de 18 de maio, e a posse, na de 1º de junho do mesmo ano.

Em 1858, candidatou-se a uma vaga de lente substituto da Seção de Cirurgia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Nesse ano saiu a sua nomeação oficial como assistente do Corpo de Saúde do Exército, no posto de Capitão-tenente e, a 6 de novembro, desposou Maria Cândida de Lacerda, que viria a falecer de mal súbito em 24 de março de 1863, deixando-lhe dois filhos, um de três e outro de um ano de idade.

No período de 1859 a 1861, exerceu a função de redator dos Anais Brasilienses de Medicina, periódico da Academia Imperial de Medicina.

Em 1865 desposou, em segundas núpcias, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã por parte de mãe de sua primeira esposa. Cândida cuidava de seus filhos até então. Com ela, teve mais 12 filhos.

Por sua atuação generosa e incansável, como médico, cedo tornou-se conhecido como "O Médico dos Pobres". Via na Medicina um sacerdócio, e deixou como um de seus maiores legados exemplos e conselhos inesquecíveis para os jovens médicos de todas as épocas:

"Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro; o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem o que pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro, esse não é um médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse é um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivens da vida".

5.CARREIRA POLÍTICA

Nesse período, a Câmara Municipal do Município Neutro tinha como presidente o médico Roberto Jorge Haddock Lobo, do Partido Conservador. Ao mesmo tempo, Bezerra de Menezes já se notabilizara pela atuação profissional e pelo trabalho voltado à população. Desse modo, em 1860, em uma reunião política, alguns amigos levantaram sua candidatura à Câmara dos Vereadores, pelo Partido Liberal, como representante da paróquia de São Cristóvão, onde então residia.

Abertas as urnas e apurados os votos, Bezerra fora eleito. Seus adversários, liderados pelo dr. Haddock Lobo, impugnaram a posse sob o argumento de que militares não podiam exercer o cargo de vereador. Desse modo, para apoiar o Partido, que necessitava dele para obter a maioria na Câmara, decidiu requerer exoneração do Corpo de Saúde (26 de março de 1861). Desfeito o impedimento, foi empossado no mesmo ano.

Foi reeleito vereador da Câmara Municipal do Município Neutro para o período de 1864 a 1868, e depois, por várias legislaturas consecutivas, até a década de 1880.

Foi eleito deputado Provincial pelo Rio de Janeiro em 1866 e empossado em 1867. A Câmara dos Deputados foi dissolvida no ano seguinte (1868) por várias divergências políticas, assumindo a direção do governo o Partido Conservador.

Na política, atuava como deputado e vereador simultaneamente, o que, à época, era permitido. Ocupou várias vezes a presidência da Câmara Municipal, cargo que corresponderia atualmente ao de prefeito.

Foi eleito deputado pela Província do Rio de Janeiro para as legislaturas da década de 1880, nunca tendo encerrado sua carreira política, pois, por várias vezes, foi candidato, por exemplo, ao cargo de senador.

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