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Blog da Família

Tudo o que fizerdes a um destes pequeninos, é a mim que fareis. — Jesus

VEGETARIANISMO E ESPIRITISMO

Uma questão polêmica, ainda nos dias de hoje e pouco discutida no meio espírita, é sobre o vegetarianismo. O espírita é obrigado a ser vegetariano? Não, o espiritismo prega o livre-arbítrio e portanto não obriga nada a ninguém.

O vegetarianismo é dividido em 4 grupos, sendo que nenhum desses consomem carne:

  1. Ovo-lacto vegetariano: não consome nenhum tipo de carne, consome ovos e leite;
  2. Lacto-vegetariano: não consome nenhum tipo de carne e ovos, consome leite;
  3. Vegetariano restrito ou puro: não consome carne, leite, ovos, mel e derivados;
  4. Vegano (do inglês vegan): não consome carne, ovos, leite, mel e derivados; não utilizam vestuários com material de origem animal e nem produtos testados em animais.

Kardec sempre nos instruiu ao estudo científico, filosófico e doutrinário, e ainda citou que fé inabalável é aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. Seres inteligentes que somos, e com toda a disponibilidade que temos de informação nos dias de hoje, podemos procurar meditar e tirar nossas próprias conclusões acerca da necessidade de nutrirmos os nossos corpos por meio do sacrifício da vida dos animais, nossos irmãos em evolução.

Em se tratando de questões alimentares, sabemos que a ciência da nutrição é bastante recente na história humana. Só em 1902 surgiu o Curso de nível Universitário na formação de dietistas – os precursores da nutrição - e é somente em 1946 que a Organização Mundial da Saúde (OMS), com sede em Genebra, iniciou a divulgação e execução de programas específicos ligados à produção e estudos sobre alimentos, marcando o aperfeiçoamento profissional da nutrição.

Só muito recentemente esta ciência demonstrou que encontramos no reino vegetal todos os nutrientes necessários para a promoção e manutenção de nossa saúde, sendo desnecessário o uso de produtos de origem animal em nossa dieta cotidiana.

Ser vegetariano não implica em ser bom, e não ser, não implica em ser ruim. Entretanto, sem dúvidas, quando se deixa de comer nossos irmãos, a sintonia com energias elevadas se dá mais facilmente. Lembrando uma citação de Babajiananda, um sábio irmão: "Não é deixando de comer carnes que o ser se espiritualiza, é se espiritualizando que ele deixa de comer carnes.”

Adicionalmente, há nos dias de hoje, a preocupação com o meio ambiente. Diversos estudos sobre questões ambientais têm apresentado evidências robustas de que o consumo de carne animal acaba por gerar problemas de ordem ambiental, além de complicações físicas para o consumidor.

Em pesquisa realizada pela nutricionista Aline Martins de Carvalho, da FSP (Faculdade de Saúde Pública da USP), descobriu-se que “o consumo excessivo de carne foi verificado em grande parte da população pesquisada, com aumento significativo ao longo dos anos, relacionado com pior qualidade da dieta em homens e considerável impacto ambiental”. Concluiu ainda, que “as carnes vermelhas e processadas têm sido relacionadas com aumento do risco de câncer de cólon e reto, doenças cardiovasculares, diabetes e ganho de peso” (p. 01, 2012). Tal dissertação resultou no artigo científico “Excessive meat consumption in Brazil: diet quality and environmental impacts”, publicado na revista científica inglesa Public Health Nutrition.

Realizando pequeno exercício filosófico, devemos alinhar nossos saberes com a questão de amarmos Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

Como amar a Deus se confinamos, privamos e matamos suas criaturas pelo prazer efêmero de nosso paladar, ocasionando tantos transtornos à nossa volta?

No livro Missionários da Luz, capítulo 4, o Espírito André Luiz, descreve o ambiente de um matadouro aos leitores, dizendo estar junto de Alexandre, um benevolente instrutor, que o faz compreender a questão do vampirismo espiritual, naquele caso resultante das ações criminosas dos homens junto aos animais. Comenta o instrutor de André que no futuro da humanidade o estábulo será tão sagrado quanto um lar terrestre.

Entretanto, comenta que na atualidade, infelizmente “Os seres inferiores e necessitados do Planeta não nos encaram como superiores generosos e inteligentes, mas como verdugos cruéis”.

Nem poderia ser de outra forma, dada a maneira como tratamos estes seres.

Alexandre continua seus ensinamentos, afirmando que nossos irmãos animais “aceitam o cutelo no matadouro, quase sempre com lágrimas de aflição, incapazes de discernir com o raciocínio embrionário onde começa a nossa perversidade e onde termina a nossa compreensão”.

E, colocando-nos de frente com a questão paradoxal que nos envolve a existência, comenta:

“Se não protegemos nem educamos aqueles que o Pai nos confiou, como germens frágeis de racionalidade nos pesados vasos do instinto; se abusarmos largamente de sua incapacidade de defesa e conservação, como exigir o amparo de superiores benevolentes e sábios, cujas instruções mais simples são para nós difíceis de suportar, pela nossa lastimável condição de infratores da lei de auxílios mútuos?”

O Espírito Irmão X, em seu texto intitulado “Preparação para a Morte”, buscando cooperar com os irmãos que logo mais atravessarão os portões do além túmulo, inicia dizendo sobre a necessidade primordial de nos abstermos do consumo de produtos de origem animal a fim de facilitarmos nosso ingresso no Plano Espiritual.

Recomendou-nos ele:

“Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros.”

O Espiritismo, em seu aspecto moral de justiça, amor e caridade, sempre condenou os excessos. Uma vez comprovada a não necessidade da morte do animal para nosso sustento, devemos trilhar outros caminhos, mais sensatos, corretos, éticos.

Por fim, compreendemos que a evolução do planeta passa, invariavelmente, pela questão alimentar.

Este salto, importante e fundamental, ocorrerá a partir da mudança de cada um, reconhecendo nos animais o próprio Criador em sua expressão de amor e benevolência.

Já temos muita informação sobre o assunto, sendo cada um capaz de discernir o certo do errado, o bom do ruim.

Não é só questão de modificar a dieta, é necessário reformar a alma.

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