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Blog da Família

Tudo o que fizerdes a um destes pequeninos, é a mim que fareis. — Jesus

PARENTESCO ESPIRITUAL E CORPORAL

O ser humano, de acordo com a filosofia, deve estar pronto para refletir e indagar sobre diversos assuntos. Geralmente, está em busca de respostas para compreender o mundo e a si mesmo. Isso é belo, porque deixa explícito que é um eterno aprendiz. Esse processo de construção simboliza uma evolução através do aperfeiçoamento. É interessante observar conversas, desabafos entre amigos e até postagens em redes sociais com dizeres sobre as dificuldades, decepções com parentes, logo surgem citações como: “Existem amigos que valem mais do que um irmão.”; “Eu não escolhi minha família, mas meus amigos sim” . Há uma inquietude e carência natural nos dias atuais. Todos necessitam de afeto. Quem não gosta de um ombro amigo e até mesmo um colo para ser acalentado nos momentos mais complicados?

A família é a primeira escola para as pessoas treinarem a arte da convivência e permitir o amadurecimento individual através de afinidades e também desafetos.

Então, por que gostar mais de alguém que não faz parte do contexto da consanguinidade ou gostar mais de um parente do que outro?

Nada é por acaso de acordo com a doutrina espírita. Ela faz chegar à conclusão que os elos espirituais ultrapassam o elo corporal. O corpo é o envoltório, ele é frágil e passageiro perante o espírito, pois este sobrevive a cada encarnação. Gradativamente, aparece a diferença entre a família corporal e a família espiritual.

Os laços espirituais estão baseados nos reencontros de vidas pretéritas, por isso há tanto prazer de estar ao lado de alguém que não faz parte do vínculo de parentesco biológico.

A afetividade, atualmente, está sendo mais valorizada em relação à genética apenas. Quantos pais biológicos rejeitam seus filhos ou não assumem a responsabilidade expressa no Estatuto da Criança e do Adolescente e na nossa Constituição Federal? Tendo como alicerce o Direito de Família existem vários tipos de família, no entanto uma delas está num momento histórico, que é a família socioafetiva. Discussões e processos judiciais estimulam os magistrados e a própria sociedade a visualizar essa questão.

Nesse ano de 2016, houve uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça, em cujo julgamento, por oito votos a dois, os ministros seguiram o voto do relator, Sr. Luiz Fux. O ministro entendeu que é possível o reconhecimento de outro tipo de paternidade que não deriva do modelo tradicional do casamento. Para a presidente do STF, Sra. Carmen Lúcia, "amor não se impõe, mas cuidado, sim.” Segundo a ministra, o direito ao cuidado é assegurado nos casos de paternidade e maternidade.

"Alguém que cuidou com afeto, cuidou muito mais e foi muito mais pai, às vezes, do que este outro. No entanto, o que nós estamos decidindo aqui não é por um ou por outro, mas pelos deveres decorrentes da paternidade responsável", argumentou a ministra.

O Direito é dinâmico, acompanha a sociedade. Para ele é importante analisar caso por caso, pelo simples fato de nenhuma família ser igual a outra.

No livro de Hélio Ferraz de Oliveira, que aborda sobre o tema da Adoção, é citado, logo no início, a seguinte escrita: “ A filiação é obrigatória até mesmo aos filhos biológicos, pois, após cortado o cordão umbilical, os elos que unem filhos e pais é somente o afetivo.”

As cortinas da vida abrem para um cenário mais sensível, afetuoso com base no mais nobre sentimento, o Amor.

A adoção é um grande exemplo do vínculo espiritual, onde esse sentimento é latente.

Como explicar corações disparados com apenas um olhar ou troca de poucas palavras entre o adotante e o adotado, apesar de tanta burocracia para ser concretizado um gesto tão nobre? Ambos se adotam e no interior está guardada a alegria de reencontrar uma das peças importantes do quebra-cabeça de sua trajetória de vida. Eles se adotam, ultrapassam a questão de terem ou não o mesmo sangue.

Pode-se dizer que todos são adotados, porque Deus é verdadeiro e único Pai da humanidade. Interessante entender que os genitores estão exercendo tal função em determinado período limitado. A cada encarnação os papéis se invertem, porém em todas elas o Pai Celestial permanece com a função do grande protetor de seus filhos.

Ter uma nova oportunidade concedida pelo Pai Celestial é a tentativa de desabrochar melhores sentimentos e praticar o Bem na esfera terrena para amenizar fatos de outras encarnações, para crescer apesar das diferenças. De acordo com O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XIV, Allan Kardec esclarece que os laços de sangue não estabelecem, necessariamente, os laços entre os Espíritos. Ressalta que não foi o pai quem criou o Espírito do filho, ele fez senão fornecer-lhe um envoltório corporal. Ressalta ainda que: "Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias.” No mesmo capítulo, é abordada a citação de Jesus: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos.” Com essas palavras, revela que a verdadeira família é aquela ligada por laços do espírito.

Todos são membros da família universal pelas leis divinas independente de raça, classe social, religião ou gênero. Conscientizar-se da ligação espiritual é o primeiro passo para compreender a necessidade de amar, de acreditar na união e na existência da soma e multiplicação do Bem com fim de contribuir para o mundo de regeneração.

Para reforçar esse pensamento seria bom que a maioria dos leitores tivesse tempo para conhecer A Lei do Amor, com base no Evangelho Segundo o Espiritismo, porque orienta a felicidade dos seus seguidores, depois serão incapazes de conhecer a angústia da alma, a miséria do corpo. Quem segue essa norma é capaz de entender o verdadeiro significado de Ser Cristão. Enfim, o amor é essência divina, e, possui a chama do fogo sagrado.

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